Exploring the Infinite

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Local: SP, SP, Brazil

Segredar... é gestar possibilidades!

26.10.13

Samurais e a piramide de Maslow

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Vários Samurais se iluminaram no caminho do Zen Budismo e viraram  grandes mestres. De certo modo trilharam exatamente a pirâmide de necessidades de Maslow, o que é bem natural...
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Iniciaram suas vidas através das necessidades básicas fisiológicas de alimentos, roupas, repouso e moradia, na família que nasceram.
 
Através da moralidade e técnica do Budô (o caminho das artes marciais japonesas) conquistaram a segurança e um emprego com o Daimon, seu protetor.


Tendo emprego e uma propriedade constituíram um relacionamento estável, se casaram e fizeram família.


Passaram a ter a estima e o respeito de seus pares, progredindo socialmente.


Já na maturidade se dedicaram à filosofia,  criatividade, às artes, à meditação profunda e à percepção da realidade transcendental.


Muitos viraram monges, mestres e iluminados.


O templo zen budista mais reconhecido e famoso, Kinkaku-ji, que fica no japão em kyoto, o "Pavilhão Dourado" era: um palácio para receber o Imperador no térreo, uma residência do Samurai no primeiro pavimento e um Templo Zen no segundo andar. 
As necessidades da terra, as necessidades do homem  e as necessidade do céu... Exatamente como a pirâmide de Maslow.
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Yoshimitsu Ashikaga, um Samurai que ascendeu ao Xogunato, abdicou a favor de seu filho e partiu para um caminho monástico de auto-realização no Zen; ele idealizou, construiu e viveu sua velhice em Kinkaku-ji.




Igual Sidharta Gautama, resolveu suas necessidades básicas, psicológicas e posteriormente atingiu a auto-realização.

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Tem gente que advoga o caminho inverso da pirâmide, mas a base energética de baixo é que alavanca a auto superação de cima...  


Não fale de filosofia a quem está faminto, ele pouco aproveitará... Se vai investir neste ser, o alimente, fortaleça, ensine... Depois o leve para meditar.
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(Kinkaku-ji, réplica brasileira... atrás de mim as paredes douradas no andar superior)
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14.5.13

Sobre o Uno e os inteiros...


“O Uno é composto de dois ou mais inteiros.”
Um chavão dos meios esotéricos, uma falácia em oposição ao ideal romântico da “metade da laranja”, da “tampa da panela”... faz sentido, em termos... É irritante e desgastante conviver com um parceiro dependente, inseguro, ciumento, imaturo, necessitando constantemente de "provas de amor"... melhor que procure sua mãe ou seu pai. 
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O Uno é uma Sinergia composta de todos os inteiros e a soma de todas suas inter-relações.
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Não existem “inteiros” per sí, tudo é inter-dependente. Nada existe separado, auto-suficiente, voltado sobre seu próprio umbigo, individualizado.
Inteiros é uma forma de se olhar, mas não de existir. Inteiro é uma forma de ver conveniente, como as palavras, mas não corresponde a uma Verdade Trancedental e absoluta.
Relacionarmos implica que não somos inteiros, que nos completamos na interação com os outros. 
Esperar uma pessoa estar inteira para firmar um compromisso é desculpa, todos estão em movimento, uns na curva crescente outros na descendente. É fácil definir: "vamos crescer juntos? quero investir em nós? não creio nessa relação. Amo-a e vou mergulhar inteiro nisso." Dizer que o outro não está inteiro é um julgamento pessoal tanto de sí como dos outros.
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Pessoas são inteiras, embora não integras. 
Inteiro, no caso, implica em começo, meio e fim. Inteireza implica em fim sobre sí mesmo, na auto-suficiência.
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Um yogue, um Sadhu que more nú e isolado numa floresta se aproxima desse ideal do chavão. Não necessita de ninguém, embora precise do Todo para viver, se alimentar, existir. E justo o Sadhu não se relaciona, não forma pares, casais ou família.
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Não existe auto-suficiência absoluta nessa quarta dimensão em que vivemos (3 dimensões mais o tempo).
Pessoas se juntam para formar casais. Casais se apoiam formando uma família. Lógico que existem casais não-funcionais, que se relacionam de forma doentia, em geral um dependente emocional que se apoia em seu co-dependente, tão doente quanto ele, ou mais. Acontece sempre. Mesmo essas pessoas frágeis, um alcóolico por ex., são pessoas inteiras.
Todos precisamos de pessoas que nos apoiem, que nos amem, que sejam amadas por nós, que se importem e que nos importam... pessoas ou seres, um cão, gatos, amigos, amantes, parentes...
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“Inteira” num sentido aplicável é a pessoa que busca a integridade e não a pessoa perfeita, pronta, sem máculas, sem cicatrizes, onde não apareçam as inseguranças, que não precise aprender, que não se alimente do Amor... Existe dependência sim, saudável, tanto quanto do alimentar-se direito. Uns dependem da boa vontade de amigos, da renda de parentes, do trabalho que fazem, dos clientes... é saudável isso.
A pessoa deve buscar sua integridade para viver e não para se relacionar, as relações vão ser um reflexo da sua busca, de suas ações, de suas certezas, de seus tropeços e do seu levantar.
Integridade como a atenção em crer, pensar, agir, expressar-se e emocionar-se com o mínimo de conflito interno. 
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Samurai... Samuru é o verbo japonês servir. São pessoas tremendamente amorosas, que se dedicam aos outros e/ou a uma causa nobre. É um aprimorar-se pela Devoção, um Caminho do coração. Completam seu caminho pelo servir, mas não dependem disso para serem integras... Devem em primeiro lugar servir a sí próprias, com essa força podem se dedicar ao de fora, mesmo que seja a uma planta, um gato, um cão, uma tartaruga, clientes, alunos...
Eu, no momento sirvo a mim, minhas plantas e aos meus gatos. Cultivo minha saúde.
Não estou com nenhuma companheira, ninguém que encontre a proporcionalidade ao meu servir. Não que me sirva (hmmm... uma Geisha seria ótimo! rss...) mas que no mínimo reconheça e respeite essa Devoção com algo Sagrado e único, sem aproveitar-se.
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Diferente ao Rei Feudal é a personalidade Natural... Perguntou Villasboas ao Chefe dos Xavante se os índios lhe obedeciam. “- Não, nem deveriam. Eu sou o menor deles, estou aqui para servir a todos. Eu só tenho Sabedoria e conselhos para ofertar-lhes.”
Integridade.
Enfim, Inteiro: um chavão da Nova Era...
É como a frase infeliz e limitada em automóveis evangélicos:
“Você sem Deus não é nada. Deus sem você é Deus.”
Mentira!!!
Você sem Deus é você com suas crenças... aliás, sustentado pelas forças divinas, inclusive portando sua crença atéia. De repente Deus te fez ateu por algum capricho ou designação kármica....rss....
Mas Deus, que implica no Todo, sem você fica limitado. Não é mais Infinito. Deixa de ser Deus. Deus precisa de você, não o contrário!
“O rio que passa pela minha aldeia é maior que o Tejo. 
Todos sabem o tamanho do Tejo, 
mas ninguém sabe o tamanho do rio que passa pela minha aldeia.”
... Alberto Caeiro através de Fernando Pessoa.
Assim vejo...

16.11.10

Réquiém para a Bienal de Artes

Sábado fui à Bienal Internacional de Artes de São Paulo, no Ibirapuera.
Novamente me deu um sabor de decepção. 
A última que gostei, pois apresentava essência, foi há 8 anos atrás.
Há a "arte" e "A Arte".
Existe pouca Arte na Bienal. 
Ela está dominada, subjugada ao politicamente correto... dominada por interesses políticos, domesticada pelos modismos, racismos ou ativismos GLS.
Há pouca pintura e esculturas. 
Está dominada pelos vídeos, pelos slides, pelas fotografias, por explicações sem fim.
850 obras e 159 artistas... 
E quase nada de Arte.
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Vídeos com temas separatistas e de guerrilha, vídeos denunciando genocídeos em lugares pouco conhecidos, vídeos denunciando o desrespeito da mulher em países muçulmanos, vídeos fazendo apologia gay, vídeos de mendigos pedintes ao redor do mundo, vídeos de pobreza, miséria, vídeos de prostitutas em bairros da periferia do nordeste... o mundo cão que se alimenta de sua própria podridão.
Três andares de “arte”... apenas 2 ou três obras de Arte.
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A “arte” escolhida pelos curadores é em geral um simulacro de manchetes jornalísticas de estudantes de faculdade... trabalhinhos sobre temas políticos, algo que veríamos numa propaganda de TV da ONU ou perdido entre páginas e páginas de uma revista Veja.
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A Arte é seu próprio propósito, não é um meio para algum fim, é um fim em si mesmo.
A arte com propósito é mera propaganda, um Memes disfarçado.
Arte é a vida interior se exteriorizando, desfrutando de si mesma, deleitando-se.
Energia transbordando que se materializa em sentimentos sem absolutamente nenhum propósito que não o estético.
Obras que se baseiam em longas teorias morais, não me interessavam... dispensei as mirabolantes lógicas, buscando saltos existenciais da verdadeira Arte.
Quase não achei.
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As palavras deveriam guiar-nos ao que não pode ser dito... ao silêncio... para indicar o inexprimível.
Dizem os Sagrados Upanishades que numa Árvore há dois pássaros. 
Um silencioso no galho mais alto. 
Um barulhento e estressado no galho mais baixo, irriquieto, grasna e grita. 
O que está acima vê tudo, abrange o horizonte, tem vida plena interior... o de baixo é imediatista, mundano, vê pouco, é assustado e superficial.
Num dos Evangelhos Jesus disse “Dois deitarão numa cama, um está vivo, outro está morto.” 
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A Bienal Internacional de Artes já foi um pássaro vivo sobre o Ibirapuera... hoje é um pássaro morto.
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Requiém para a Bienal.
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19.10.10

Marx estava errado (ou Porque nunca votei no PT)

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Os filósofos da época de Marx criticaram “O Capital” quando falou que o Capitalismo gera uma estrutura ideológica, política e judiciária para se sustentar. Na percepção deles, isso não foi regra, vale apenas para o mundo contemporâneo onde o mundo material domina, pois na Idade Média e na Grécia e Roma antigas dominava a religião e a política respectivamente.

Marx combateu alegando que nem na Idade Média ou no Mundo Clássico não se vivia do catolicismo ou da politica, mas que no Capitalismo o modo de ganhar a vida gera o foco principal.

O Feudalismo se baseia em Deus como foco e como fiador do sistema; Igreja e Feudalismo se alimentam, não se destruiria um sem abalar o outro.


Heeeeyyyyy.........


Curiosamente, o regime que pretendia tomar lugar do Capitalismo, o Socialismo e, posteriormente o Comunismo, tomou papel de fanatismo religioso nos países do Leste Europeu, em Cuba e na China. O papel da ideologia marxista-leninista ou maoísta se assemelhou ao catolicismo da Era Feudal.


E também de forma semelhante, não se destrói o marxismo sem abalar os partidos de esquerda e vice-versa. E usando a estrutura política e judiciária pra se sustentar, justo a crítica de Marx ao Capitalismo, é constante a perseguição socialista aos dissidentes, seja através de prisões, processos, censura de meios de comunicação, ostracismo, campos de concentração com trabalho escravo, tortura, morte, etc... Fatos amplamente documentados em Cuba, Alemanha, Russia, China.

E por ironia, essa manobra se justifica como necessidade estrutural de manter coesa a unidade ideológica, que mantém a base econômica socialista!

Marx errou! O Capitalismo ao contrário, independe das ideias, ideologias, concepções religiosas, atitudes.... As pessoas, os consumidores e produtores com infinitas tendencias politicas, ideológicas e religiosas, é que mantém o sistema funcionando.
Justamente pela pluralidade de desejos, crenças e necessidades é que o Capitalismo prospera, sob um minimo de regras de convivência.



E isso é que garante a liberdade individual, a liberdade de expressão, a existencia das minorias sendo respeitadas, produzindo e consumindo, a ausência de censura e uma sociedade plural e aberta, se aprumando sob as críticas de uma imprensa vigilante.


E a primeira atitude política quando tomou posse Lula, foi ele tentar impor uma censura de imprensa no Brasil, se ancorando na desculpa que um jornalista americano do New York Times o ter chamado de "cachaceiro". Coincidência? E Hugo Chavez, "o companheiro" do Lula censura a imprensa escrita, radiodifusada e televisiva, etc... Marx num explica. Freud talvez...rss

Os críticos de Marx estava corretos, mas de forma invertida.
É o Feudalismo e o Socialismo que necessitam da ideologia pra funcionar, dando a base da estrutura econômica. 
Não o Capitalismo.
Esse opera através do interesse pessoal e material, garantindo que o maior bem do ser humano fique em suas próprias mãos: 
a Liberdade.




27.5.10

Compaixão? Não, obrigado...

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Compaixão é um grande erro.


Compaixão depende de motivação.
Se aprofunde na motivação e encontrará a verdade:


Qual sua motivação?
Ir pro Céu?
Ter melhor reencarnação?
Aparecer socialmente?
Fazer propaganda de sua Igreja, indo para uma calamidade publica vestindo camiseta da Igreja e "aproveitando" pra distribuir panfletos e jornaizinhos suspeitos?
Se sentir melhor, já que parece mitigar suas outras culpas?
Ser do rebanho de um pastor? (Deve ser bom balir em coral.)
Angariar novos adeptos? Mais dízimos e contribuidores?
Sair no jornal?
Qual é?
Tudo Egoísmos e barganha divina.


Quando vc segue outros, seja por "aprender" a Compaixão mecânica, seja por decoreba de Sutras, de Bíblia, etc... você pega um sentimento genuino, que deveria nascer de forma espontanea, e o falsifica.


Sempre que me oponho à Compaixão não estou me opondo à aquela subita percepção de que deve agir para colocar a Vida (a sua, a de outro ser, a de Gaya...) em primeiro plano.




Talvez eu tenha fé de que a natureza humana tenda à saúde, à vida, harmonia, enquanto Dalai Lamas creem que o ser humano só tende ao Caos, ao egoismo e à bagunça... daí terem que forçar a barra através de mentiras e ações mecânicas.


Entretanto quando a mente quer criar artificialmente um sentimento, está tendo como base uma série de ilusões que se perpetuam e são entraves ao aprimoramento pessoal da iluminação... Então sinto que preciso expor essa outra visão.


Compaixão tem lugar?
Sim.
Por exemplo: na área médica a Compaixão fabricada deve fazer parte.
Tem lugar errado?
Sim, nas "ajudas sociais", por ter uma miopia imediatista, que em geral traz um remédio pior que a doença.


Enquanto há a Mente, o Egoismo continua... escondido, mas continua.
Nenhuma mudança substancial.
Nem vou falar do Especísmo da coisa.




Não vejo como algo fabricado possa se tornar orgânico,
Começa com uma mentira e pela insistencia vira verdade?
Uma mentira repetida mil vezes se torna verdade?


A Compaixão te distrai de aprimorar sua essência,
Ela te foca no externo e tira o foco do universo interior.
É algo aprendido, externo, ético, moral, social... depende de direcionamentos externos como ensinamentos, livros, mestres, Sutras, Livros Sagrados, etc... artificialidades, dualidades e ilusões.


Compaixão se baseia em: "os fins justificam os meios". Entretanto não há fins, os meios são eternos... e se perpetuam nas mentiras.
Plante abacaxi, não espere colher amoras.


Empatia é algo maduro, vc se aprimorou e percebe.
Sua ação nasce limpa, fresca, natural, silenciosa.


Empatia não tem causa.
É sintonia.
Não há processo mental e força para fabrica-la.
Não depende de ler, aprender, praticar, racionalizar.
Ou está, ou não está.
Empatia acontece.




Tem seres humanos que nunca a terão, não desenvolveram as conexões neurais na época certa, sem estímulo relacional adequado e conexões cognitivas que propiciam a empatia, o mundo externo é para eles nada além de uma maquina que lhes deve servir.


Nada sentem pelo de fora, não percebem a relação entre seus sentimentos e o de outros seres.
É a natureza deles.




Empatia não se motiva. Ou é, ou não é.
Empatia é natural.
Empatia nunca se deseja: ou surge ou não.
É qualitativamente diferente da Compaixão.
É viceral, compreende?


Percebi que, posto toda Compaixão passar pelo crivo da Mente e suas dualidades, a Compaixão é sempre fabricada.
A Empatia apenas que é espontânea.


A compaixão racionaliza o objeto no seu imediatismo;
a empatia percebe a parte no todo e o todo na parte, de modo holístico.




A linguagem, a estrutura das palavras (carro não é gato, p.ex) é exclusivista, não inclusiva. Complicado explicar a Empatia pela linguagem... porisso, quando surge o não-pensar, se abrem as portas para o novo, o não-contaminado.



Parece complicado, mas a raiz da meditação reside nesse ponto, não do meditar em Zazen, mas do meditar durante as atitudes do dia a dia, incluindo o zazen.


Me veio o insight de que por ex, no Cha-Do, a Cerimonia do Chá, vc serve e é servido... Através de uma atitude em que o outro toma um lugar de importancia, num ritual, em que se burilam os atos e o silêncio interior, a “Compaixão” genuina (vulgo Empatia) brota naturalmente e no seu tempo certo.


Perceba a diferença: não é um sentimento fabricado artificialmente pelo raciocinio e sua inevitável barganha sobrenatural!
Pode não surgir, também... ficar apenas um respeito pelo semelhante.
E isso é o natural, o momento pessoal de ambos.


No Cha-Do, seu foco é no seu aprimoramento e não na fabricação artificial de um sentimento.
Se (e eu disse: SE) a “Compaixão” surgir por esta via, aconteceu a Empatia.
Se não, vc está se aprimorando e não está criando ou alimentando um Ego falso, suas complexas trapaças divinas inconscientes.




Você precisa de um aprimoramento artificial pra aprender coisas práticas, mas falsificar sentimentos? Emoções? Verdades? Isso pregam algumas facetas Budistas...


Criar gestos automáticos pra dirigir um carro, pilotar um avião, servir o chá... é qualitativamente diverso de criar "Compaixão fabricada", "amor falsificado" ou outras coisas semelhantes.... deixe essa falsidade aos sacerdotes que se alimentam da culpa, de ódio aos infiéis e do medo que impõem sobre seus rebanhos.


A Espiritualidade precisa se purificar da Ética.
Deixe o Bem e Mal pra Moral.
Deixe a Compaixão e a Culpa pra Moral.
Trancenda ilusões e dualidades.
Esse é o papel original da Religião.
Solitáriamente.


Guarde sua Compaixão na Ética.
Nunca se engane que é algo religioso ou espiritual.


Compaixão são Flores de plástico: feita por humanos, para uns humanos enganarem outros humanos, usando humanos.
Triste.
Faria sentido se, ao cuidar de uma planta artificial, ela se tornasse real.
Do plástico ao orgânico pela insistencia?
Pinóquio ao menos era de madeira, orgânico na essencia... igualmente mentiroso na insistência.


Todos tem a semente da Empatia, mas não é regando com gasolina, varsol, ou diesel que ela brotará.
Compaixão artificial é que cresce com insumos falsos.
Empatia nunca!






Motivação incha a Compaixão: leituras, papos moles, etica, "campanhas de ajuda humanitária"... Plásticos.
Qual o problema de se assumir que se vive dependente do plástico?
Ficam resistindo.
O plástico tem seu lugar no nosso mundo humano.
Mas é veneno em outras condições.


Empatia não tem o especísmo plástico.
Não se baseia em racionalizações, discriminações especistas, ilusões de separação e favoritismos.
Ela apenas é.
Acontece.


Compaixão se foca no sofrimento.
Empatia se abre aos sentimentos todos:... prazer de um gato que se espreguiça ao sol, a dor de um cão atropelado na rua, incomodo ao ver o mendigo faminto, identificação ao perceber um pássaro fazendo a corte à companheira, a dor do galho quebrado de uma árvore...




Madre Teresa tinha Compaixão, aprendeu a cuidar do sofrimento dos pobres humanos, mas não tinha Empatia, pois quando ficava doente ia aos melhores hospitais,... enquanto nunca se incomodou de tratar aos pobres sem anestesia, ou com agulhas de injeções usadas.


Incoerência, conflito de interesses...


Nunca há conflito entre o verdadeiro e o falso, apenas entre o falso e suas prórias manifestações.


“Quando o Buda surgir no seu Caminho, mate-o.” Diz o Zen.
Quando a Compaixão se interpor em seu Caminho, mate-a.


E veja o que surge intocado do Silêncio.




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23.9.09

Tempo concreto e Espaço fluido.

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O grande conflito entre os Nativos Americanos e os colonizadores europeus não foi na questão cultural, mas na visão tempo-espaço.
O europeu, cujas raizes judaicos-cristãs e greco-romanas, tem a particularidade de ver o tempo linearmente.

Próprio das culturas patriarcais, enxergamos sem questionar: o tempo como uma linha, que liga o passado ao futuro através do Presente.
Temos nossas Enciclopédias, nossos livros de História, que atestam vivermos numa sequência de tempo continuo.
E o Espaço, vemos como a materia que nos cerca, os limites concretos e materiais.

Será que essa é a única alternativa de ver a vida que existe?
Um tempo fluindo e um espaço concreto?

Culturas matriarcais, culturas nativas e algumas Orientais, vêem o oposto.
Os Aborígenes australianos, por exemplo, enxergam o tempo como concreto e o espaço como fluido.
Vivem no "tempo de sonhar" ou "no sonhar", que na língua ancestral é Tjukurrtjana.



A percepção material viva do mundo é traduzida como Yuti, que surge da região original do sonho, um estado criativo, fluente da lucidez astral... isso significa " o fundamento absoluto da existência ou a base universal do contínuo do qual se originou toda diferenciação".
Em resumo: O mundo material surge do sonhar fluido: O Espaço Fluido.

O Tempo é o "Tempo de Sonhar", de origem Mítica, o Tempo Sagrado, que vivem junto com seus ancestrais, num tempo curvo, circular, que se repete.
O Tempo Mítico, onde repetem os Mitos, os Arquétipos e daí se direcionam em suas atitudes.
Algo como o Eterno Retorno de Niestzche... o Tempo como concreto.

No Zen, o tempo é concreto: o Agora.
Só existe o Presente, que é eterno... sempre é o Agora, a hora de se iluminar, do Insight, do Samadhi.
O Espaço, não... nada de concretude, fica na fluidez dos gestos, das atitudes, da cerimônia do Chá, na perfeição do Wei Wu Wei, o Agir sem Ação.
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O espaço é plástico, maleável, vc faz o que desejar com ele.

Eu tenho ocasionalmente feito esse exercício meditativo: me sentir no Agora concreto e no Aqui plástico, moldável.
Não sou eu que vou ao trabalho, o referencial sou sempre eu, o centro.
O trabalho não está distante no tempo, mas no espaço,... espaço plástico que transformo, e "trago" o ambiente de trabalho pra mim.

Modifico meu espaço pessoal até transforma-lo no local onde preciso: ele vira a porta de casa, o elevador, o automóvel... eu-centro permaneço tranquilo, observando.
Eu não ando no corredor, mas o corredor é que passa sob os meus pés... eu sou o centro e moldo o espaço pelas minhas ações. Não estou distante da garagem nos minutos, mas na sequencia de ações necessárias para moldar a matéria no carro em que vou sentar.
Não me direciono mais pelo relógio, mas pelo mapa.
Não tenho Agenda, e sim mapas de territórios onde calculo distâncias de modificação do espaço, de mudanças da matéria plástica, do Espaço fluido.

Termino esse tópico com um pequeno conto que ilustra as visões de mundo:

Um Antropólogo estava no meio do deserto do México, com um guia índio tolteca, para estudar as propriedades do cactus Peyote.
Começou a entardecer e o índio parecia não saber voltar pra casa.
Depois de andar por algum tempo, o Americano sentou-se desconsolado e começou a lamentar choroso:
- Meu Deus! Estamos perdidos!!!!
Ao que o índio respondeu:
- Eu não estou perdido! A minha casa é que se perdeu, eu estou aqui!

:D




4.9.09

O Pós–Moderno acabou... Viva a Modernidade Líquida!

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Modernidade implicou em conceitos e ideais em que se delineavam padrões fixos de comportamento, baseados em ciência e capitalismo. Ou, por vezes, socialismo.

O Pós-Moderno viria pra tirar a frieza da ciência e embutir significados e símbolos, ou mesmo para retirar a lógica que justificasse o Modernismo.

E nisso, quando se pensava que nada de novo poderia surgir, Zygmunt Baunman define nosso tempo como “Modernidade Líquida”. Líquida no que tange à perda de concretude, de solidez, dos conceitos definitivos e dos valores absolutos.

Frente a isso, um outro termo usado pelo autor – derretimento – será empregado para designar a desintegração desses discursos sólidos e fixos, já em vias de enferrujamento dos mecanismos institucionalizados.

Agora, nessa nova modernidade maleável, para Bauman, o que vigora é a ascensão de um objetivo individual, em declínio dessas instituições, analogamente, sólidas e tradicionalistas.

O individualismo contrapondo a Era Industrial, lembrando na Arte, começou no movimento de readymade, no Dadaísmo de Duchamp. Pegar um objeto industrializado e personaliza-lo é uma tendência da Modernidade Líquida: a Customização.

Ao realizar seu primeiro "readymade", Marcel Duchamp deu o primeiro passo rumo à polêmica do Dadaísmo. Ao assinar e expor em uma instituição artística um objeto industrial, vulgar, produzido em massa, esse gesto ergueria o tal objeto à categoria de uma obra de arte, ou era um artifício para liquefazer toda e qualquer criação artística ao nível de um objeto comum?
E o que dizer das latas de "sopa Campbell" de Warhol?

Essa mudança do derretimento de parâmetros teria provocado, então, uma quebra dos moldes, das molduras de classe, etnia, linhagem etc., alguns dos já históricos pontos de orientação.

A fusão do Pós-Modernismo já havia mesclado elementos culturais e históricos nas Artes, Arquitetura, música... desconstruindo-os e reconstruindo em uma realidade trans-cultural e trans-temporal.
A Modernidade Líquida apenas ignora a concretude do social, já não estigmatiza o indivíduo, pelo contrário, é do indivíduo que partiria, se chocando com os multifacetados novos padrões, cada vez mais micros, de convívio social e, por isso, com sucinta fluidez, as normas que vão, e estão, se maleando em curtíssimo espaço de tempo.


E como começou esse processo de liquefazer instituições?

Penso eu, e estava conversando isso com uma amiga nestes dias, que o capitalismo e a Era Industrial incentivaram de maneira sutil o derretimento, começando pela família. A família campesina que era um processo estendido, composto de pai, mãe, avós, filhos, irmãos, sobrinhos, cunhados e órfãos... na necessidade capitalista de trabalho industrial e urbano, começou a se pulverizar: os bebês foram pra mandados pras creches, crianças pras escolas, órfãos pros orfanatos, idosos pros asilos, doentes pra hospitais ou manicômios... mulheres receberam direito civil pra votar e trabalhar fora como o homem... a família se liquefez. Foucault que não me deixe mentir sózinho! rss...

Instituições foram desmascaradas em suas bases filosóficas, perderam a credibilidade, bem como a filosofia que as apoiava. Igrejas, Religiões, Partidos Políticos, Ideologias, Instituições milenares... os podres todos aparecendo! A falta de modelos reais e confiáveis deixa os jovens órfãos até de masculino e feminino...

Conceitos estabelecidos como a moral cristã, por exemplo, se tornaram zumbis: mortos-vivos que insistem em andar entre nós, atacando sempre a nossos cérebros... o que mais comeria um zumbi?

A necessidade imposta pela mídia da “novidade”, nossa vida que insiste em viajar cada vez em maior velocidade, seja na infoesfera, seja em transportes... implica em busca pela variabilidade e mudanças.

Então nos tornamos maleáveis e rápidos, nossos padrões são pessoais e líquidos, não seguem concretude de antigos padrões estabelecidos.

Nosso amor é maleável, as relações são líquidas, fluidas, mas buscam profundidades como as águas... às vezes encontram! Em contraste dos casais da concretude, do “felizes para sempre”, “casamento eterno”, os novos relacionamentos se atraem por compartilhar experiências, novidades juntos, vivenciar o momento, em vez de focar na manutenção forçada da relação ad eternum.



E em vez de um relacionamento em linha, entre dois pontos, bidirecionais, nossas vidas começam a criar conexões: relacionamentos em redes, redes reais e virtuais, onde pontos se conectam e desconectam com facilidade, variedades de momentos de contato e silêncios. O que fortalece uma ligação entre dois pontos dessa rede é a manutenção carinhosa por cada ponto, além de saber que a conexão é desejável, mas não indissolúvel.

E de outro lado essa conexão em redes nos permite contactar pessoas interessantíssimas, centenas de Km.s distantes, seres que dificilmente conheceríamos, e com isso aprender e ensinar em verdadeiras trocas, muitas vezes profundas.



Lógico que quando se ganha algo novo, se perde qualidades do antigo. As conexões podem perder a possibilidade de aprofundar relacionamentos, ou de tratá-los com descuido, ou faltar no aprofundamento das relações... tem riscos que se correm ao se lançar inconsciente numa rede.

Tem muito a conversar liquidamente... volto nesse tema em breve.


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