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Segredar... é gestar possibilidades!

4.9.09

O Pós–Moderno acabou... Viva a Modernidade Líquida!

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Modernidade implicou em conceitos e ideais em que se delineavam padrões fixos de comportamento, baseados em ciência e capitalismo. Ou, por vezes, socialismo.

O Pós-Moderno viria pra tirar a frieza da ciência e embutir significados e símbolos, ou mesmo para retirar a lógica que justificasse o Modernismo.

E nisso, quando se pensava que nada de novo poderia surgir, Zygmunt Baunman define nosso tempo como “Modernidade Líquida”. Líquida no que tange à perda de concretude, de solidez, dos conceitos definitivos e dos valores absolutos.

Frente a isso, um outro termo usado pelo autor – derretimento – será empregado para designar a desintegração desses discursos sólidos e fixos, já em vias de enferrujamento dos mecanismos institucionalizados.

Agora, nessa nova modernidade maleável, para Bauman, o que vigora é a ascensão de um objetivo individual, em declínio dessas instituições, analogamente, sólidas e tradicionalistas.

O individualismo contrapondo a Era Industrial, lembrando na Arte, começou no movimento de readymade, no Dadaísmo de Duchamp. Pegar um objeto industrializado e personaliza-lo é uma tendência da Modernidade Líquida: a Customização.

Ao realizar seu primeiro "readymade", Marcel Duchamp deu o primeiro passo rumo à polêmica do Dadaísmo. Ao assinar e expor em uma instituição artística um objeto industrial, vulgar, produzido em massa, esse gesto ergueria o tal objeto à categoria de uma obra de arte, ou era um artifício para liquefazer toda e qualquer criação artística ao nível de um objeto comum?
E o que dizer das latas de "sopa Campbell" de Warhol?

Essa mudança do derretimento de parâmetros teria provocado, então, uma quebra dos moldes, das molduras de classe, etnia, linhagem etc., alguns dos já históricos pontos de orientação.

A fusão do Pós-Modernismo já havia mesclado elementos culturais e históricos nas Artes, Arquitetura, música... desconstruindo-os e reconstruindo em uma realidade trans-cultural e trans-temporal.
A Modernidade Líquida apenas ignora a concretude do social, já não estigmatiza o indivíduo, pelo contrário, é do indivíduo que partiria, se chocando com os multifacetados novos padrões, cada vez mais micros, de convívio social e, por isso, com sucinta fluidez, as normas que vão, e estão, se maleando em curtíssimo espaço de tempo.


E como começou esse processo de liquefazer instituições?

Penso eu, e estava conversando isso com uma amiga nestes dias, que o capitalismo e a Era Industrial incentivaram de maneira sutil o derretimento, começando pela família. A família campesina que era um processo estendido, composto de pai, mãe, avós, filhos, irmãos, sobrinhos, cunhados e órfãos... na necessidade capitalista de trabalho industrial e urbano, começou a se pulverizar: os bebês foram pra mandados pras creches, crianças pras escolas, órfãos pros orfanatos, idosos pros asilos, doentes pra hospitais ou manicômios... mulheres receberam direito civil pra votar e trabalhar fora como o homem... a família se liquefez. Foucault que não me deixe mentir sózinho! rss...

Instituições foram desmascaradas em suas bases filosóficas, perderam a credibilidade, bem como a filosofia que as apoiava. Igrejas, Religiões, Partidos Políticos, Ideologias, Instituições milenares... os podres todos aparecendo! A falta de modelos reais e confiáveis deixa os jovens órfãos até de masculino e feminino...

Conceitos estabelecidos como a moral cristã, por exemplo, se tornaram zumbis: mortos-vivos que insistem em andar entre nós, atacando sempre a nossos cérebros... o que mais comeria um zumbi?

A necessidade imposta pela mídia da “novidade”, nossa vida que insiste em viajar cada vez em maior velocidade, seja na infoesfera, seja em transportes... implica em busca pela variabilidade e mudanças.

Então nos tornamos maleáveis e rápidos, nossos padrões são pessoais e líquidos, não seguem concretude de antigos padrões estabelecidos.

Nosso amor é maleável, as relações são líquidas, fluidas, mas buscam profundidades como as águas... às vezes encontram! Em contraste dos casais da concretude, do “felizes para sempre”, “casamento eterno”, os novos relacionamentos se atraem por compartilhar experiências, novidades juntos, vivenciar o momento, em vez de focar na manutenção forçada da relação ad eternum.



E em vez de um relacionamento em linha, entre dois pontos, bidirecionais, nossas vidas começam a criar conexões: relacionamentos em redes, redes reais e virtuais, onde pontos se conectam e desconectam com facilidade, variedades de momentos de contato e silêncios. O que fortalece uma ligação entre dois pontos dessa rede é a manutenção carinhosa por cada ponto, além de saber que a conexão é desejável, mas não indissolúvel.

E de outro lado essa conexão em redes nos permite contactar pessoas interessantíssimas, centenas de Km.s distantes, seres que dificilmente conheceríamos, e com isso aprender e ensinar em verdadeiras trocas, muitas vezes profundas.



Lógico que quando se ganha algo novo, se perde qualidades do antigo. As conexões podem perder a possibilidade de aprofundar relacionamentos, ou de tratá-los com descuido, ou faltar no aprofundamento das relações... tem riscos que se correm ao se lançar inconsciente numa rede.

Tem muito a conversar liquidamente... volto nesse tema em breve.


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3 Comments:

Blogger Lilly said...

Maninho querido,
Meu Deus! Parabéns! Achei esse seu o melhor texto! Interessantíssimo aprender sobre a modernidade líquida, que alívio, heim?
Alívio estético, ético, anímico, enfim, ufa! Nascemos num meio líquido, volta a um útero quentinho, aconchegante, e que ACEITA! entendi, ainda mais no que se referiu a famílas e relacionamentos isso: que agora é a ACEITAÇÃO, auto-acietação do nosso individual e aceitação da altaridade. A água acolhe tudo... Integra, é leve, até evapora... Só assim dá para ser feliz, e aí sim o "para sempre" pode rolar... Uh! Viajei?
Lindo isso, muito legal! Realmente tanto o capitalismo quanto o socialismo só massificaram mentes e homens. Agora, desfaz-se a massa e vamos mergulhar em águas profundas...
Uau, to indo longe, o oceano é isso, tão complexo que se torna inexplorável, há os diferentes, há a harmonia e o princípio de VIDA!
Nossa, continua sim esse assunto, vale a pena. Nunca havia ouvido falar sobre isso. Escreva mais sobre Modernismo Líquido, um tema fascinante, dá para sentir que tem pegada! rsrs...
Ah, uma pergunta: o que é inosfera?
Nossa, o texto me inspirou... E agora glub... glub... glub...
Beijos,
Lilly

sexta-feira, 04 setembro, 2009  
Blogger Betto Enso said...

Infosfera é a esfera da informação em que estamos inseridos, esfera da informática, deste mundo rápido ao alcance de um clic!

:)

domingo, 06 setembro, 2009  
Blogger Rieko Kishi said...

Olá Enso, q bom ver vc na ativa novamente.
Como sempre foi profundo e consegue ser extenso sem porém perder o rumo da questão. Começa das mudanças ocorridas na sociedade Industrial, permeia, para mninha felcidade, o mundo das artes, e chega a ao nossos encontros de relacionamento de homem mulher, ou homem homem, ou talvez mulher mulher.
Aí eu pergunto, essa institucionalização de papeis, não teria solidificado novamente a questão social? Sim eu concordo que em modelos atuais, bem recentes mesmo, isto tem realmente se tornado liquefeitos.Como por exemplo no caso dos manicomios q está se humanizando, preferindo em muitos casos, serem tratados em sua própria casa. E esta relação afetiva q aos poucos cada um a seu modo está se questionando o seu próprio papel. O q é o amor? Eu lhe pergunto. É este mstério q derrepente pode estar próximo ou pode estar loge. Pode estar na eternidade e estar no momento agora. É fluida.


Grande beijo
Rieko

segunda-feira, 14 setembro, 2009  

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