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Segredar... é gestar possibilidades!

14.5.13

Sobre o Uno e os inteiros...


“O Uno é composto de dois ou mais inteiros.”
Um chavão dos meios esotéricos, uma falácia em oposição ao ideal romântico da “metade da laranja”, da “tampa da panela”... faz sentido, em termos... É irritante e desgastante conviver com um parceiro dependente, inseguro, ciumento, imaturo, necessitando constantemente de "provas de amor"... melhor que procure sua mãe ou seu pai. 
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O Uno é uma Sinergia composta de todos os inteiros e a soma de todas suas inter-relações.
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Não existem “inteiros” per sí, tudo é inter-dependente. Nada existe separado, auto-suficiente, voltado sobre seu próprio umbigo, individualizado.
Inteiros é uma forma de se olhar, mas não de existir. Inteiro é uma forma de ver conveniente, como as palavras, mas não corresponde a uma Verdade Trancedental e absoluta.
Relacionarmos implica que não somos inteiros, que nos completamos na interação com os outros. 
Esperar uma pessoa estar inteira para firmar um compromisso é desculpa, todos estão em movimento, uns na curva crescente outros na descendente. É fácil definir: "vamos crescer juntos? quero investir em nós? não creio nessa relação. Amo-a e vou mergulhar inteiro nisso." Dizer que o outro não está inteiro é um julgamento pessoal tanto de sí como dos outros.
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Pessoas são inteiras, embora não integras. 
Inteiro, no caso, implica em começo, meio e fim. Inteireza implica em fim sobre sí mesmo, na auto-suficiência.
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Um yogue, um Sadhu que more nú e isolado numa floresta se aproxima desse ideal do chavão. Não necessita de ninguém, embora precise do Todo para viver, se alimentar, existir. E justo o Sadhu não se relaciona, não forma pares, casais ou família.
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Não existe auto-suficiência absoluta nessa quarta dimensão em que vivemos (3 dimensões mais o tempo).
Pessoas se juntam para formar casais. Casais se apoiam formando uma família. Lógico que existem casais não-funcionais, que se relacionam de forma doentia, em geral um dependente emocional que se apoia em seu co-dependente, tão doente quanto ele, ou mais. Acontece sempre. Mesmo essas pessoas frágeis, um alcóolico por ex., são pessoas inteiras.
Todos precisamos de pessoas que nos apoiem, que nos amem, que sejam amadas por nós, que se importem e que nos importam... pessoas ou seres, um cão, gatos, amigos, amantes, parentes...
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“Inteira” num sentido aplicável é a pessoa que busca a integridade e não a pessoa perfeita, pronta, sem máculas, sem cicatrizes, onde não apareçam as inseguranças, que não precise aprender, que não se alimente do Amor... Existe dependência sim, saudável, tanto quanto do alimentar-se direito. Uns dependem da boa vontade de amigos, da renda de parentes, do trabalho que fazem, dos clientes... é saudável isso.
A pessoa deve buscar sua integridade para viver e não para se relacionar, as relações vão ser um reflexo da sua busca, de suas ações, de suas certezas, de seus tropeços e do seu levantar.
Integridade como a atenção em crer, pensar, agir, expressar-se e emocionar-se com o mínimo de conflito interno. 
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Samurai... Samuru é o verbo japonês servir. São pessoas tremendamente amorosas, que se dedicam aos outros e/ou a uma causa nobre. É um aprimorar-se pela Devoção, um Caminho do coração. Completam seu caminho pelo servir, mas não dependem disso para serem integras... Devem em primeiro lugar servir a sí próprias, com essa força podem se dedicar ao de fora, mesmo que seja a uma planta, um gato, um cão, uma tartaruga, clientes, alunos...
Eu, no momento sirvo a mim, minhas plantas e aos meus gatos. Cultivo minha saúde.
Não estou com nenhuma companheira, ninguém que encontre a proporcionalidade ao meu servir. Não que me sirva (hmmm... uma Geisha seria ótimo! rss...) mas que no mínimo reconheça e respeite essa Devoção com algo Sagrado e único, sem aproveitar-se.
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Diferente ao Rei Feudal é a personalidade Natural... Perguntou Villasboas ao Chefe dos Xavante se os índios lhe obedeciam. “- Não, nem deveriam. Eu sou o menor deles, estou aqui para servir a todos. Eu só tenho Sabedoria e conselhos para ofertar-lhes.”
Integridade.
Enfim, Inteiro: um chavão da Nova Era...
É como a frase infeliz e limitada em automóveis evangélicos:
“Você sem Deus não é nada. Deus sem você é Deus.”
Mentira!!!
Você sem Deus é você com suas crenças... aliás, sustentado pelas forças divinas, inclusive portando sua crença atéia. De repente Deus te fez ateu por algum capricho ou designação kármica....rss....
Mas Deus, que implica no Todo, sem você fica limitado. Não é mais Infinito. Deixa de ser Deus. Deus precisa de você, não o contrário!
“O rio que passa pela minha aldeia é maior que o Tejo. 
Todos sabem o tamanho do Tejo, 
mas ninguém sabe o tamanho do rio que passa pela minha aldeia.”
... Alberto Caeiro através de Fernando Pessoa.
Assim vejo...


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