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Segredar... é gestar possibilidades!

27.4.09

Canção do Pescador.


Qu Yuan viveu na China antiga, cerca de 350 a.C. no Período dos Reinos Combatentes.

Ele foi um homem que procurava ser íntegro e as pessoas da época o incomodavam. Por uma série de conflitos chegou a perder seu cargo público, devido à mentiras e perseguições. Como era incompreendido pelos padrões da época, foi caluniado secretamente, e sem a oportunidade de se defender, caiu no exílio e foi morar em um local ermo, isolado.

Cansado das pessoas, Qu Yuan resolveu por fim à sua vida e começou lentamente a entrar no Rio Calang.
Enquanto isso ia maldizendo aos Céus e gritava suas lamentações e revoltas ao vento.

Um pescador aproximou-se em seu barco. Notou que aquele homem era um nobre e de coração puro. Perguntou-lhe então o que acontecia.

- Estou farto deste mundo corrupto e complicado! As pessoas não são claras, falam uma coisa e agem de outra maneira. A maioria são pessoas corruptas, nada confiáveis. Os poucos bons ou são inaccessíveis ou incompreensíveis. As pessoas estão todas bêbadas e apenas eu permaneço sóbrio. Me encontro numa terrível solidão onde ninguém me compreende, me valoriza ou vê quem eu sou. Não suporto mais viver a vida nessa terrível frustração!

O pescador olhou com simpatia para ele. Começou a entoar uma canção, acompanhada pelas batidas do remo e sumiu na neblina sem olhar para trás:

“- Quando as águas do Rio Calang estão límpidas
aproveito e lavo meu gorro...
Quando as águas do Rio Calang estão turvas
Aproveito e tiro a lama dos meus pés...”

....

E como tenho me sentido Qu Yuan neste ultimo Ano!

Vejo o Rio lamacento, sujo, amarelo de limo, sedimentoso, escondendo mistérios ruins e bons... na maioria ruins... sem a possibilidade de ultrapassar esse lamaçal das margens... até sem energia de começar.... poucos momentos de transparência não se sustentam, e estranhamente, se perdem na lama rodopiante, drenando minha confiança no Rio...

Já vi o Rio Calang transparente, límpido, onde podia lavar meus pertences mais preciosos... mergulhar, lavar o rosto e a alma...

Sei que as águas precisam ser um pouco turvas para terem peixes, mas nesse excesso, a vida desaparece, foge, murcha.

Sim... são tempos de águas turvas, talvez seja a melhor hora de olhar pra baixo e lavar o que ainda tenho de lama nos pés.

.

1 Comments:

Blogger Rieko Kishi said...

É já se foi o tempo em q o Rio Calang foi límpido, podíamos nos lavar e banhar. Mas o Rio Calang sempre teve momentos turvos tbm q só servia p lavar os pés lamacentos. Entendo a sua lamentação de o rio estar tão turvos e não ter sequer a esperança de tê-lo límpido um dia. Mas aí então é q entra nós seres humanos, lá no fundo, não digo todos, nem muitos, será q naõ possuimos a lembrnaça daquele Rio Calang límpido, e q nos dava forças p tocar a vida p frente? Será q não será esta lembrança q nos fará lutar p q o Rio Calang volte a ter suas faces límpidas?
De alguma forma...

bjs
Rieko

segunda-feira, 27 abril, 2009  

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