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Segredar... é gestar possibilidades!

21.3.09

Compaixão não.


"Como ter compaixao?"
Foi um tema proposto de uma discussão Budista.


Para mim é estranho ter o "como" e o "compaixão" na mesma frase.
É semelhante um homem exigir de uma mulher: vc tem que me amar!


Existe compaixão através do esforço?
Mentalmente decidir que se vai ser compassivo?
Pode nascer na mente? De forma racional? Impositiva? Imposta de dentro ou de fora?


Exijo que os bandidos passem a ter compaixão!?!?!?!


Compaixão na verdade é um sentimento reforçado (e reforçador) da ilusão de separação.
Empatia é outra coisa, é a capacidade de se identificar com o sentimento, a alegria, dor, medo, etc... nos outros seres (animais, vegetais, humanos...).

Compaixão é hierárquica, empatia é equalitária, nivela, harmoniza.
Uma te deixa observando do alto, outra te coloca dentro.


A compaixão, a meu ver, nasce de um sentimento de superioridade. De um egocentrismo... "Você" tem compaixão. Precisa do centro separador do ego, em posição elevada, para ter uma sensação de pena do inferior... e o racional o define como inferior.


A "compaixão" européia, definida hoje como Etnocentrismo, destruiu culturas, povos, línguas, arte, espiritualidade, fé.... Paradigmas...
A empatia jamais faria isso, é respeitosa, vê a profundidade, não a superfície.


Me sinto muito mal quando inicio um processo que percebo ser compaixão. Na percepção do mesmo ele se esvai.
Entretanto sou muito empático.


Foi esquisito falar isso numa comunidade budista, onde uma das jóias é a compaixão.
Mas temos que examinar as bases.


Compaixão envenena.
Empatia liberta.


.

15 Comments:

Blogger Lilly said...

Maninho,
para mim compaixão não tem esse sentido egíco, mas sim a consciência de que há um ser que por sofre está aftualmente numa situãção inferior, pior que a minha... Com=junto de; Paixão=sofrimento...
Como cristã, compaixão é o que possibilita o amor universal, se comover (mobilizar-se com) as causas humanas e universais...
A empatia por si só requer uma dose egoica e de frieza maior, pois eu me coloco no lugar do outro sabendo que sou diferente, como o papel do psicólogo, há uma distância técnica... Já na compaixão, cloca-se a mão na massa, me sinto humanamente igual a quem está sofrendo, assim, me co-movo e atua, ajudo, faço, transfrmo, modifico o mundo e a situação... Em catástrofes há a compaixão, onde se faz coisas que nem mesmo acreditamos ser possível.
Beijos, Lilly

sábado, 21 março, 2009  
Blogger Christiane Forcinito Ashlay Silva de Oliveira said...

Betto

Concordo com o que a Lilly escreveu acima. Foi perfeito os conceitos e as definições colocados por ela!

Como católica também posso dizer que Cristo teve compaixão (do modo descrito acima) de nós e nos amou de tal maneira que deu a vida por nós e isso é muito diferente da compaixão que você descreve em seu texto.

Há uma passagem numa encíclica do Papa Bento XVI chamada "Deus Caritas Est" a qual ele escreve sobre o amor cristão a qual ele abarca sobre o tema Amor. Lá há uma passagem a qual cito aqui para sua reflexão:

" Amor a Deus e amor ao próximo são inseparáveis, constituem un único mandamento. Mas ambos vivem do amor proveniente com que Deus nos amou primeiro. Desse modo, já não se trata de um "madamento" que do exterior nos impõe o impossível, mas de uma experiência do amor proporcionada do interior, um amor que, por sua natureza, deve ser ulteriormente comunicado aos outros. O amor cresce através do amor. O amor é "divino", porque vem de Deus e nos une a Deus,e,através deste processo unificador,transforma-nos em um nós, que supera as nossas divisões e nos faz um só, até que, no fim, Deus seja "tudo em todos" (1 Cor 15,28)" ( Pg 34)

O amor nunca é mesquinho... Ele não é limitado pois se assim for não é amor... Entre a empatia e compaixão há diferênças sim mas a empatia aproxima, isto é ao meu ver seria um dos primeiros passos do amor ( se fosse pensar a nível dos quatro graus de conhecimento de Platão hehehehe) e a compaixão transforma, transborda... , ou seja seria o quarto grau do conhecimento... Ultrapassa o seu próprio coração, ultrapassa o próprio coração humano...

Pensa nisso...

Abração!

Chris :)

sábado, 21 março, 2009  
Blogger Betto Enso said...

Afff... aí é covardia! Uma Psicóloga e uma Filósofa, ambas Católicas! rss...
Vejam, tanto no Amor, quanto na Empatia (uma forma de Amor extendida) o ego se dissolve, se vê o outro de dentro dele... na Compaixão se vê o outro de cima, do ego...
Pode ser que as palavras estejam conspirando contra nós e estejamops dizendo o mesmo.
Mas a compaixão, no sentido geral, é um sentimento trabalhado racionalmente onde o foco é humano. A empatia é anti-especísta e se vê na floresta, nos animais, em todos os seres sencientes...
Disso que falo.
As religiões ensinam a Compaixão, dentro da Ética.
É impossivel ensinar a Empatia. Ou há, ou não há.
Pode-se escrever livros e livros sobre o matrimônio, mas não se aprende a amar num livro. É semelhante.
.

domingo, 22 março, 2009  
Blogger Christiane Forcinito Ashlay Silva de Oliveira said...

Betto

Também é difícil ensinar compaixão num livro e a própria história já nos mostrou que até em catástofres pode não haver compaixão...

Lembro-me quando houve o furação "Katrina" casos animalescos relatados onde as pessoas ao invés de se unirem acabaram virando uma contra as outras dentro do estádio em que tiveram que ficar.

A compaixão na filosofia não está no campo da ética para muitos filósofos, pois alguns distinguem a ética da moral. Há quem as defendem serem a mesma coisa aí sim pode-se dizer que a compaixão está no campo da ética.

A Empatia é o que nos leva a nos aproximar de alguém... A Compaixão engloba um campo maior e não é um sentimento racional, muito pelo contrário. Acho que talvés estamos sim nos confundindo com termos ou as palavras conspirando hehehehe... como você disse.

Cheguei muito tarde, pensarei mais a respeito.

Boa noite. :)

domingo, 22 março, 2009  
Anonymous Anônimo said...

Salve Betto Adorei seu blog.

Cara você talvez tenha confundido o a compaixão com a pena. sentir pena de alguém é realmente terrível, nos coloca, inconsiêntemente, em posição de superioridade em relação a pessoa, já a compaixão é mais aquela coisa ensinada por buda, o sentimento de ajudar alguém sem pedir nada em troca, na verdade a compaixão é um passo no caminho do amor fraternal.

segunda-feira, 23 março, 2009  
Blogger Betto Enso said...

Wladmyr,

"a compaixão é um passo" Sim.
a empatia não tem passos, pois não existe distância, já se está lá.


Compaixão: A tem compaixão por B, que se encontra numa situação fragilizada perante A e/ou os outros. Unidirecional, tem o centro e o foco (frequentemente humano).

Empatia: A sente-se B que pode se sentir A. O círculo tem seu centro em todo lugar, quântico. Omnidirecional.

Ajudou?

terça-feira, 24 março, 2009  
Anonymous Anônimo said...

Betto
Entendi onde quer chegar, mas pense nisso, na empatia você compartilha daquilo que a pessoa vive e sente, apesar de ser um envolvimento mais profundo as vezes tira da pessoa a condição de dar ajuda, veja um psiquiatra só consegue ajudar um paciente porque existe o distanciamento profissional necessário, ele jamais conseguiria se estivesse sentindo e vivenciando aquilo que o paciente sente e vivencia.

terça-feira, 24 março, 2009  
Blogger Betto Enso said...

Bela reflexão... compaixão para ajudar, empatia para perceber. Podem caminhar em paralelo...
Depois, com tempo, vou comentar sobre a palavra Compaixão em Japonês e seu 2 idepgramas que a compoem... temos a empatia e "compaixão irada"... yin-yang...
gostei!

terça-feira, 24 março, 2009  
Blogger Lilly said...

Ai ai ai ai aiiii... Não vivo sem essas discussões, amei!!!
Ainda mais que citaram meu santi nome, não em vão, valeu Chris!
Chris, voce entendeu meu recado, compaixão implica na ação, empatia no discussão e ajuda de fora, sem se envolver interiormente. Grande Wladmyr, concordo, empatia é o que as ciências psi nos ensina, compaixão é ato de amor e espiritualidade, para nós todos,católicos budistas, , muçulmanos, enfim... Pena é mesmo um desastre!!! Bingo!
Bettinho, meu irmão querido, pense: ao ver a foto da tartaurguinha imediatamente você pensa: Oh, ela está numa situação difícil... (empatia); Coitadinha, que horror! (e vai embora: pena); Meu Deus! vou correr e tirá-la dessa já! (e age: COMPAIXÃO!!!). Como professora, curto um exemplo, e a imagem foi fantástica!
O que acham amigos novos? Wladmyr, se quiser me visite em meu blog!
Beijos a todos! Lilly

quinta-feira, 26 março, 2009  
Blogger Betto Enso said...

Wei wu wei... agir sem ação. Um dos principios da percepção Zen. Ao ver a tartaruga (imagem adequada, não?), na empatia a desviramos, sem pensar ou sentir pena, apenas porque a ação acontece entre eu, ela e o cosmos. "Pena" ocorre na sensação de separação, nunca na empatia.

quinta-feira, 26 março, 2009  
Anonymous wladmyr said...

Lilly
Adorei seu comentário, seu exemplo foi perfeito?

segunda-feira, 13 abril, 2009  
Blogger Christiane Forcinito Ashlay Silva de Oliveira said...

Isso está começando a ficar bom...

Sobre a Tartaruga aqui concordo com o Betto, pois eu não pensaria e nem sentiria, eu imediatamente agiria...

Acredito que são sentimentos que possam ser também separados num sentido positivo e negativo e em sentido geral e unitário.

Por exemplo: Quando era pequena lembro-me da minha mãe se desfazendo de uma "fulana" em uma briga dizendo "tenho pena de você" (sentido negativo e unitário) e lembro dela falando sobre uma notícia na televisão a respeito de um incêndio: "Nossa Senhora tende compaixão desta almas" ( sentido geral e positivo esperançoso)

Desde nova conseguia compreender nuances em alguns conceitos mesmo sem saber expressá-los entende?

Também gosto de colocar ambos como aspecto de aproximação , isto é, o que o aproxima de uma pessoa é a empatia e o que a aproxima de uma situação contextual é a compaixão...

Ou graus de sentimento: Primeiro você sente a empatia e se aproxima de uma pessoa, mas isso é nível individual. A compaixão é transcendente, isto é, um amor que eleva e releva tudo... Não há "pena" e não há limites de "ser", não está preso no tempo e no espaço...

Acho que fui um pouco longe neh...

Mas no seu último post encontramos o equilíbrio.

Abraço à todos aqui!

Chris :)

quarta-feira, 15 abril, 2009  
Blogger Rieko Kishi said...

Aí eu pergunto, será q há algum equívoco de tradução de gihi para compaixão? como vc disse, no gihi existe um equilíbrio entre duas forças opostas o gi e o hi. Aí não existe essa questão de superior ou inferior. Apenas uma ação conjunta de querer estar com alguém q necessita de vc. Aí acontece a ação de estender a mão, não importa a quem. Chorar pela dor de outrem e estender a mão, naõ há nada de superior ou de inferior nessa história. Apenas a emoçao e ação expontânea natural a ser humano. Contanto q ela seja humana.

rieko

quarta-feira, 15 abril, 2009  
Blogger Christiane Forcinito Ashlay Silva de Oliveira said...

Rieko

Lindo, perfeito. Equilíbrio entre os opostos sem a questão do superior e inferior... CONCORDO! Apenas a emoção e ação expontânea natural ao ser humano, contando que ela seja humana...

Perfeita sua definição...

Logo postarei junto à isso que foi maravilhoso!!! Com Nietzsche e aquele outro pensador que falei ( estou devendo... hehehehe... Mas lá no seu último texto OK Betto?)

Prazer Rieko adorei sua resposta :)

Chris.

quinta-feira, 16 abril, 2009  
Blogger Rieko Kishi said...

Betto
Entendi o q vc quiz dizer q em compaixão existe Superior e Inferior, Vc e ele. Enquanto q na Empatia não existe essa diferença. De
fato em toda história da humanidade essa tal de compaixão destruiu muita coisa. Mas aí q eu digo q existe um equívoco na tradução do GI HI para COMPAIXÃO. Mas não se preocupe, a força do povo, a força da cultura ela é imbatível, ela pode transformar mas nunca ser destruida. Essa é o mistério de toda história da humanidade.
Rieko

quarta-feira, 22 abril, 2009  

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